Macaiba's Review - Walking Dead

Zumbis estão na moda de novo, isso é fato. Em uma porrada de novos filmes temos desde os clássicos zumbis que andam devagar, aos que correm, pulam de para-quedas (sério), zumbis nazistas, strippers... tudo!
Mas no meio da avacalhação geral, eis que, no lugar mais inesperado possível (Image Comics) surge uma ótima HQ sobre o tema: Walking Dead (Os Mortos-Vivos, no Brasil).

Lançada em 2003, escrito por Robert Kirkman (Marvel Zombies, Invincible), com arte de Tony Moore até a #6, e de Charlie Adlard a partir da #7, conta a história de Rick,um policial que, depois de ser baleado em ação, acorda sozinho em um hospital.
Ao sair, descobre que a cidade está vazia. Vazia de pessoas vivas, claro. Os mortos estão andando por aí, atrás de carne humana e ninguém sabe o por quê desta merda.
Depois de encontrar sua mulher e filho com um grupo de sobreviventes, Rick lidera este grupo, em busca de um lugar seguro pra ficar, arranjar comida, et cetera.

O que eu esperava da HQ:
Quando eu soube de Walking Dead, no meio do ano, pensei ‘Meu Deus, isso deve ser uma merda! HQ de zumbis? E saindo pela Image ainda?’
Mas fui aos EUAses pra ler o primeiro numero, só por curiosidade mesmo e... li 45 edições seguidas!

O que foi:

A história é muito envolvente mesmo, sempre te deixa louco pra ver o próximo número (e ferrado por ser só 22 páginas).
Os personagens tem suas próprias motivações, são muito bem desenvolvidos, você se apega a cada um deles, todos estão sujeitos à morte, ou à algum tipo de desgraça, o que te deixa num clima tenso de ‘quem será o próximo?’. Há conflitos entre eles, entre outros humanos, e é claro, há matança, tripas voando e tudo mais.

#SPOILER#
A cena que, pra mim, foi a mais forte foi quando outro grupo de sobreviventes tentou invadir a cadeia em que Rick e sua turminha da pesada estavam se protegendo.
Chegaram metendo bala pra todo lado, e uma mulher acertou um tiro de 12 na mulher do Rick, que estava correndo com a bebê recém-nascida nos braços. A neném explodiu e a mulher ficou com um rombo na barriga. TENSO.

#FIM SPOILER#

Kirkman presta uma grande homenagem ao estilo Romero, com várias críticas sociais em suas histórias. Os conflitos e desavenças entre os ‘vivos’ é muitas vezes mais cruel do que enfrentar ‘mortos-vivos’. Ele escreveu, na introdução do primeiro encadernado:

‘Os bons filmes de zumbis mostram quanto somos terríveis, nos fazem questionar nossa posição na sociedade... e a posição da nossa sociedade no mundo. Nas entrelinhas, sempre há algum comentário social e preocupação maior’.

A trama tem reviravoltas e resoluções que não são afrontas à inteligência do leitor.

A arte também ajuda muito para a imersão na história. Mesmo em preto e branco, os desenhos te levam mesmo pra dentro da história, fazem você se sentir em meio àquele caos também. As expressões, a angústia estampada nas fuças dos sobreviventes, a carne putrefata dos mortos, as tripas... tudo muito bem feito!

Atualmente, nos EUA, está na edição 68. No Brasil, a HQM lançou apenas 24, divididos em 4 encadernados. Para os mais apressados, Von DEWS!, do Vertigem HQ, nos fornece as passagens de ida e volta aos EUA.

Nota e Justificativa:
Estrogonoficamente recomendado. Pra mim, a melhor série regular da atualidade.

Tem todos os elementos de um bom filme de zumbi mesmo, é envolvente, não é cansativo... enfim, leia esta merda. Ganha um 9,0 tranquilo. Ou, 3 pimentas!